Falatório
Dentre os muitos males que o verbo infeliz pode produzir, o mexerico é, possivelmente, dos mais graves. Semelhante a vaso pútrido, o falatório exala miasmas pestilenciais, que contaminam os incautos, que dele se acercam. Ali proliferam a maledicência insensata, o julgamento arbitrário, a acusação indébita, a suspeita inapelável, a infâmia disfarçada, quando não irrompe a calúnia maleável, capaz de engendrar a destruição dos mais nobres ideais e vidas respeitáveis. Atira-se a brasa do falatório inconsciente e espera-se que o fogo da irresponsabilidade ameace, devorador, a estrutura onde produz. Nasce na conversa simples, porém, perniciosa. Emana de uma observação candente e feita de impiedade, a qual se difunde facilmente por ausência de serviço edificante, em decorrência da hora vazia, pela dilatação das apreciações indébitas. O falatório é, também, verdugo do falador, porquanto, aquele que se compraz em censurar, torna-se vítima da censura alheia. Ac...